Demanda
Protetores de animais entregam carta manifesto à prefeita
Grupo reivindica retorno de castrações, emplacamento de charretes e expansão de vagas no Hospital Veterinário da UFPel
Jô Folha -
Protetores de animais estiveram mobilizados na manhã desta quarta-feira (27), em frente à prefeitura de Pelotas, com o objetivo de entregar em mãos para a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) uma carta manifesto da Sociedade Civil Organizada Pelos Direitos dos Animais solicitando mais políticas públicas em relação ao controle populacional e a questões que infligem sofrimento aos animais em situação de vulnerabilidade e abandono no município.
No documento foram apresentadas três reivindicações: a retomada imediata de castrações de cães e gatos, com a possibilidade da utilização do Castramóvel para a realização das esterilizações na zona rural e bairros da periferia, o emplacamento de charretes para que possa ser efetiva a fiscalização dos casos de maus tratos, além de possibilitar a contagem de veículos que circulam pela cidade, e a expansão do número de vagas no Hospital Veterinário da UFPel para atendimento de casos emergenciais.
Vice-presidente da ONG SOS Animais, Lorena Coll é uma das articuladoras da mobilização. De acordo com ela, Pelotas teve, nos últimos dois anos, um aumento expressivo no número de animais de rua. "Sabemos que esse crescimento populacional está se dando muito devido à pandemia. As pessoas perderam as condições de sustentar seus animais e estão abandonando. Um local muito simbólico dessa situação é a Estrada do Engenho, onde todos os dias há abandono de animais. Porém, esse cenário pode ser minimizado se tivermos o mínimo de políticas públicas voltadas para essa população".
Lorena, que também é veterinária, declara ainda que o registro de charretes é uma ação indispensável para a fiscalização de maus tratos a cavalos. "Estamos em uma cidade na qual não temos a maioria das charretes emplacadas. Precisamos desse registro para saber quem são os proprietários desses cavalos e se os animais estão sendo bem cuidados - sem contar que o município é um dos únicos que ainda não começou a trabalhar em cima da substituição gradativa dessas charretes. Esperamos que a prefeita se sensibilize, pois essas questões são de saúde pública".
O manifesto foi entregue a Paula, que foi abordada pelo grupo quando chegava ao Paço Municipal. A gestora municipal ouviu as demandas e questionamentos dos presentes e apresentou algumas justificativas. "Sabemos das falhas e estamos tentando melhorar. Não vamos conseguir chegar ao ideal em nenhuma política pública, pois o cobertor é curto, mas estamos trabalhando com muita consistência para melhorar", defendeu.
Charretes
Segundo a chefe do Executivo, a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) terá, em breve, um papel mais atuante junto ao Comitê Municipal de Proteção Animal (Comupa) na realização de blitze para fiscalização de charretes irregulares e cavalos em situação de maus tratos. Ela afirma também que durante as ações o emplacamento das charretes é uma iniciativa importante que poderá ser realizada. "A pauta do emplacamento é uma demanda que pode ser atendida, acho importante. A gente quer delimitar perímetros na cidade nos quais não poderão circular esse tipo de veículo por questões de segurança. Ao mesmo tempo, estamos aguardando o projeto final, que está sendo elaborado pelo IFSul e pela UFPel, para buscar uma alternativa que possa vir a ser uma substituta das charretes".
Questionada sobre a falta de castrações, Paula alegou que a pandemia foi um dos maiores motivos para a interrupção do procedimento nos animais, além de problemas com a contratação de profissionais. "Foram vários os problemas com licitações, muitas eram desertas. Já estamos retomando o serviço com recursos do Estado e do município. Vão ser 300 castrações por mês, agora é só uma questão de encerrar o processo de contratação".
Castramóvel
Sobre o veículo que foi adquirido há quase dois anos e ainda não está em funcionamento, a prefeita afirma que são diversos os entraves, como falta de profissionais interessados em prestar o serviço e questões que envolvem o pós-operatório que impedem que as castrações sejam realizadas no espaço. "Um uso de energia e recursos públicos, numa iniciativa que acaba tendo inúmeros problemas. Nós não vamos repetir erros, quero aprender com os erros de outros municípios. A secretária Regina Becker, de Porto Alegre, esteve recentemente em meu gabinete. Ela é uma referência na proteção animal no Estado e me relatou a experiência que tiveram na capital e que não deu certo o Castramóvel lá. Além disso, em geral, o pessoal mais vulnerável, que seria atendido pelo serviço, não tem tantos recursos estruturais para cuidar dos animais após o procedimento. Por último também tem a questão que os profissionais responsáveis pelas castrações têm preferência por fazerem o procedimento fora do Castramóvel".
Ainda de acordo com o Executivo, o veículo será utilizado dentro das políticas de proteção animal, para conscientizar as pessoas e para realizar os cadastros de interessados em castrar seus animais. "Queremos usar o Castramóvel dentro dessa política pública, de uma forma eficiente, que colabore, não que traga novos problemas. Se houver alguma outra alternativa futuramente, podemos até repensar isso, mas a princípio vamos contratar uma equipe terceirizada para as castrações e utilizar o automóvel para fins educativos e para cadastramentos de pessoas que queiram esterilizar seus cães e gatos", apontou a prefeita.
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